Minha memória escrita e ilustrada

No cais da Provincia de Kobe

Ocasião do embarque para o navio, rumo ao Brasil: minha mãe Tsuya, primogenito Takeki, irmã Kiyomi, irmão Taketo, seu pai Buki, sua mãe Kazuyo e sua prima Mizu. 

Assim começou a saga da Família Sunohara. Lá vão mais de um século.
Todo esse singelo registro é um livro dedicado aos meus avós materno e avós paterno. Meu pai Hajime Nishiguti, nascido na província de Tottori aos quatorze anos de idade, e minha mãe Tsuya Sunohara aos doze anos de idade, nascida na província de Nagano, vieram do Japão, trazidos pelos seus respectivos pais, sem noção alguma, deixando seus amigos, seus estudos e seus sonhos.
Perderam suas juventudes ajudando seus pais na lavoura, arando e semeando de sol a sol; pois o destino de todos os imigrantes eram a lavoura.
Muitos como no caso de meus avós eram da cidade e por motivos diversos,  vieram tentar uma nova oportunidade.
Aqui fincaram suas esperanças, contra  todas as adversidades como cultura,  miscigenação de raças e mesmo de necessidades básicas como a comida. Cada  qual a seu modo cantaram suas aldeias e tornaram seus apelos um canto Universal.

                                               

Reunião Familiar na década de cinquenta na casa dos meus avós materno.

Esta foto foi tirada em homenagem à vinda da minha tia avó do Japão.

A grande reforma agrária no Japão após segunda guerra mundial, fez com que os latifundiários fossem confiscados pelo governo e pessoas como minha tia avó perdessem suas rendas. Estou gravando esse episódio porque na época ,eu e  minhas primas não entendiamos a gravidade do fato e ficamos admirando a suavidade do seu rosto sereno e alvo.

                           

Festa da longevidade

Na tradição japonesa comemora-se a terceira idade com festividade, vestindo de vermelho como se estivessem voltando à infância.

Comemorando Bodas de Ouro dos meus avós materno no ano de 1958

Minha avó Paterno

Ryo Nishiguti

Natural de Província de Totori , veio já viuva com seus três filhos, tentar uma nova vida .Hoje imagino a sua coragem e determinação e lamento não ter convivido e conversado mais.

Mas um fato lembro com carinho até hoje : numa das visitas em família dormíamos todos num quarto e de repente avistei um vulto na penumbra ajustando a coberta do meu pai que na época já era um sessentão. Era a imagem de ternura e amor de uma mãe agasalhando o eterno filho bebê.

Papai e mamãe que já estão de férias no Paraíso.

Meu irmão e minhas primas e eu na ponta.

Já estamos na quinta geração.

E , a vida continua ...